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OBSERVATÓRIO analisa aumento de acidentes fatais em Indaiatuba/SP

Escrito por Portal ONSV

13 MAR 2017 - 12H55

A imprudência e a falsa impressão da ausência de riscos são os principais motivos que levam aos acidentes, avaliou Renato Campestrini, gerente técnico do OBSERVATÓRIO em entrevista ao jornal Tribuna de Indaiá. "Infelizmente, o brasileiro tem a percepção equivocada de que com ele nada acontece, e pensa que as campanhas no trânsito servem apenas para os outros. As pessoas reclamam das multas, mas há um excedente muito grande de infrações”, ressaltou. O município já registrou 10 vítimas fatais em acidente de trânsito nos primeiros meses deste ano.

Confira:

Publicado em: 10/03/2017 16h07 - Atualizado em 10/03/2017 20h20

Mortes por acidentes somam 56% do total do ano passado

Imprudência e desrespeito são maiores causas dos registros

Adriana Brumer Lourencini

Paulo JoséEm um dos acidentes fatais registrados neste ano, um ciclista foi atingido por uma motocicleta no Parque Ecológico

Até a semana passada, o trânsito de Indaiatuba já fez dez vítimas fatais. Os números assustam, já que o total corresponde a 56% das mortes ocorridas durante o ano passado inteiro.

Em 2016, o trânsito do município fez 18 vítimas fatais; e no ano anterior, o total foi de 24 mortes decorrentes de acidentes envolvendo veículos. O Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) dispõe do Portal Acidentologia, que informa dados, estatísticas e cenários do trânsito brasileiro. De acordo com levantamento feito em 2014, o número de mortes no trânsito foi de 36 - os dados são fornecidos pelo Datasus, divulgados pelo Ministério da Saúde. "Agora estamos aguardando os resultados de 2015 e 2016, que serão divulgados no site do Observatório", lembra Renato Campestrini, gerente técnico do Observatório de Trânsito.

Apesar do alto índice de acidentes ocorridos de janeiro a março, o estudo mostra que o maior número de mortes no trânsito em Indaiatuba foi registrado em 2008, com o total de 53 óbitos. Além disso, o gráfico aponta que o número anual das mortes no município apresentou uma tendência de crescimento de uma a duas mortes anuais (intervalo de confiança de 95%).

Para Renato, a imprudência e a falsa impressão da ausência de riscos são os principais motivos que levam aos acidentes. "Infelizmente, o brasileiro tem a percepção equivocada de que com ele nada acontece, e pensa que as campanhas no trânsito servem apenas para os outros", afirma. "As pessoas reclamam das multas, mas há um excedente muito grande de infrações", completa.

Questionada sobre os fatores causadores de acidentes nas rodovias, a AB Colinas, concessionária que administra a SP-75, local de boa parte das mortes, também reiterou em nota que boa parte é motivada pela imprudência dos usuários. Trafegar acima do limite de velocidade da pista, dirigir alcoolizado, não utilizar o cinto de segurança ou os pontos seguros de travessia, no caso dos pedestres, são os comportamentos mais comuns que originam os acidentes.

Monitoramento

A Polícia Militar Rodoviária, por sua vez, menciona os dados da Organização Mundial de Saúde, que indicam que nove em cada dez acidentes ocorrem por imprudência dos motoristas. A falta de atenção pelo uso do aparelho celular e o consumo de bebidas alcoólicas são dois deles. "Não manter distância segura do veículo da frente, a falta de manutenção dos veículos e o excesso de velocidade também contribuem significativamente", enumera o tenente Julio César.

Segundo o monitoramento da Polícia Rodoviária, a desobediência às regras de trânsito ocorre de um modo geral e diz respeito a questões culturais. "Temos um código de trânsito bem detalhado, rígido em várias condutas, mas, há ainda um grande desrespeito às normas. No entanto, mais importante que os pontos na CNH ou o valor da autuação, é o fato do motorista infrator colocar em risco a sua integridade física; afinal, respeitar a lei é proteger a si mesmo, os demais usuários e passageiros, e o próprio patrimônio", reforça o policial rodoviário.

A assessoria da AB Colinas destacou que todas as imagens captadas pelas câmeras de monitoramento da rodovia ficam à disposição e auxiliam a polícia para a apuração dos casos de acidentes, e também à Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp), em possíveis estudos que possam ser realizados a respeito do tráfego existente na via.

As câmeras de segurança instaladas em Indaiatuba também permitem a observância do trânsito na cidade. Segundo a Prefeitura, entram nas ruas cerca de 400 veículos por mês, incluindo transferências e veículos novos, totalizando 4,8 mil ao ano.

Campestrini alega também que as imagens captadas pelas câmeras permitem um confronto entre o Boletim de Ocorrência e o que ocorreu de fato. "Vemos com frequência uma grande disparidade entre a realidade e as informações contidas no BO. Só as câmeras são capazes de esclarecer quem foi o verdadeiro responsável pelo acidente", salienta.

Celular é o maior causador de colisões e atropelamentos

Os aparelhos celulares, com seus múltiplos atrativos, têm sido os principais causadores de colisões e atropelamentos. Diante disso, o gerente técnico do ONSV faz um alerta: "Dirigir operando o celular é tão perigoso quanto estar embriagado ao volante. Apenas um segundo de distração no aparelho, com o veículo em movimento, é o suficiente para que o motorista sofra ou provoque um acidente", argumenta Renato.

O tenente Julio César, da Polícia Rodoviária, revela ainda que a combinação de bebidas alcoólicas e direção gera uma triste estatística - que tem aumentado nos últimos anos. "Em um primeiro momento, em 2008, houve respeito à norma de trânsito que se refere à fiscalização de embriaguez. Infelizmente, este número vem aumentando, e nas fiscalizações e operações realizadas identificamos condutores que são flagrados pelo teste do etilômetro (bafômetro), ou fazem o teste e apresentam o teor alcoólico proibido. Há também os que se recusam a fazer o teste, aos quais são aplicadas medidas administrativas (autuação e recolhimento da CNH), que são as mesmas para quem realizou o teste e apresentou estado de embriaguez", analisa o policial.

Autuações são aplicadas proporcionalmente a todos

Ainda sobre os detalhes dos acidentes, a Reportagem perguntou aos responsáveis quais grupos de condutores mais incidem no desrespeito às leis de trânsito, ao que o tenente respondeu: "As estatísticas dependem do número de veículos de cada tipo que circulam na rodovia; em números absolutos, os automóveis são os mais autuados, mas devemos levar em consideração que este é o tipo de veículo predominante nas rodovias. Na verdade, há um equilíbrio entre os tipos de veículos quando comparamos proporcionalmente, porém, vale destacar que a fiscalização feita através dos radares portáteis é capaz de aferir com grande qualidade todos os tipos de veículos citados, inclusive as motocicletas", assevera Julio César.

O gerente técnico do ONSV, a seu turno, destaca que existe preconceito em relação aos motociclistas como maiores causadores de acidentes. "A ideia preconcebida de que todo motociclista é inconsequente causa uma animosidade que leva a ainda mais acidentes", opina.

Renato fala ainda sobre a responsabilidade dos pedestres e ciclistas. "O Código Brasileiro de Trânsito estabelece prioridade ao pedestre, porém, cabe a este também o devido cuidado, como atravessar na faixa, não transitar no espaço dos veículos (meio fio e em vias movimentadas) e utilizar as passarelas nas rodovias", ressalta. "Já os ciclistas devem compreender que fazem parte do trânsito e, portanto, têm de obedecer à sinalização; eles não podem desprezar ainda os equipamentos de segurança: capacete, calçados adequados e mãos de direção", pondera.

Por fim, Renato recorda aos motoristas as diversas situações do trânsito. "Eles devem se lembrar que, em algum momento do dia também serão pedestres e não irão querer ser considerados 'inferiores' apenas por estar transitando pelas ruas sem carros", conclui.

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