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CRESCE O NÚMERO DE MORTES NO TRÂNSITO EM 2020

Escrito por Portal ONSV

03 MAI 2022 - 08H16

Relatório revela aumento de mortes em 17 estados no primeiro ano da pandemia de Covid-19 e restrições de circulação

O número de mortes em sinistros de trânsito registrou aumento de 2% no Brasil em 2020 se comparado com o ano anterior. Os dados, compilados pelo OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária, tem como base os números definitivos de mortalidade no trânsito publicados pelo DataSUS (Ministério da Saúde) e mostram que, em 2020, o número de pessoas que perderam a vida em ocorrências de trânsito foi de 32.716. Já em 2019, esse número foi de 31.945 óbitos. Lembrando que, em 2020, foi o primeiro ano da pandemia da Covid-19, onde teve início as restrições de circulações no país e no mundo.

O aumento no número absoluto de mortes ocorreu em quatro das cinco regiões do país, sendo a região Norte a que apresentou maior aumento (8%). As regiões Centro-Oeste (5%), Nordeste (3%), e Sudeste (2%), estão na sequência. A única região do país a apresentar redução no número de mortes foi a região Sul, exatamente, 2% de queda.

Com exceção da categoria “outros” e motocicletas – visto que as mortes de ocupantes desses sofreram aumentos de 17% e 7%, respectivamente, houve redução das mortes em quase todos os outros modos de transporte. O aumento significativo na categoria “outros” pode indicar uma redução na qualidade dos dados coletados pelo Ministério da Saúde, sendo que essa categoria não permite identificar o modo de transporte da vítima. Assim, as reduções de óbito por modal identificado podem não apresentar um cenário otimista, sendo que o total de mortes sofreu um aumento.

Os resultados mais significativos envolvem as mortes de pedestres, que reduziram 10%, assim como os ocupantes de caminhões e automóveis, com redução de 8% e 3%, respectivamente. A categoria de ciclistas apresentou redução de 0,4%.

É o quinto ano consecutivo em que o número de vítimas fatais em sinistros com ônibus apresenta o melhor resultado quando comparado aos outros tipos de transporte, apresentando uma redução de 19%. Para efeito de comparação, a maior parcela das mortes ainda ocorre para ocupantes de motocicletas (36,7%) e de automóveis (21,4%), que somados são quase 60% do total. O gráfico da Figura 1 a seguir indica essa distribuição segundo os dados definitivos de 2020.

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Sendo os sinistros de trânsito um evento complexo e desencadeado por diversos tipos de fatores (comportamentais, de infraestrutura e veiculares), as prováveis causas para a redução da mortalidade verificadas nos últimos também estão distribuídas em diferentes áreas, ou seja, há um conjunto de causas. A maior penetração de políticas voltadas para o usuário não motorizado, com o fortalecimento das políticas de planejamento urbano possivelmente contribuíram para a redução do número de mortes de pedestres. As políticas de valorização do transporte cicloviário, com a implantação de ciclovias e ciclofaixas, incentivaram o aumento do uso desse modo de transporte, o que, por sua vez, aumentou a exposição de ciclistas a ocorrências de trânsito, o que talvez explique parte do aumento verificado nas mortes de ciclistas.

De modo semelhante, a maior aplicação da fiscalização como, por exemplo, da “Lei Seca”, em um número maior de municípios realizando operações, igualmente, pode ter contribuído. Houve também a consolidação e expansão de campanhas de conscientização para um trânsito seguro, e, entre elas, destaca-se o Movimento Maio Amarelo, que já se tornou uma ação que envolve toda a sociedade, órgãos públicos e privados em prol de um trânsito mais seguro.

No caso do transporte por ônibus, a maior disseminação de tecnologias que permitem o controle mais efetivo da velocidade associada a medidas de treinamento e capacitação voltadas aos condutores profissionais podem ter contribuído neste processo. Ações como as citadas, somadas a novas medidas como a obrigatoriedade do farol aceso em rodovias, novas regras para condução de caminhões (exame toxicológico) e o aumento do valor das multas, também podem ter auxiliado na continuidade de redução de acidentes de trânsito. Medidas tomadas ainda mais no passado, como a obrigatoriedade do airbag e ABS em veículos novos de fábrica também podem estar produzindo resultados, pois com a renovação da frota a tendência é que a parcela de veículos com esses dispositivos aumente.

Cenário nos estados

Levando em consideração os dados definitivos do DataSUS, o maior percentual de redução no número de mortes no trânsito aconteceu no Amapá (-18%), seguido de Minas Gerais (-7%) e do Rio Grande do Sul (-6%). Já as unidades da federação que mais aumentaram seus números foram Rio de Janeiro (19%), Pará (14%) e Alagoas (12%). Essas informações podem ser observadas no mapa da Figura 2.

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Detalhando essas reduções, é possível fazer algumas análises por modal e por estado:

  • Pedestres: Roraima e Amapá (ambos -47%);
  • Ciclistas: Amapá (-50%) e Ceará (-41%);
  • Motociclistas: Tocantins (-18%) e Goiás (-17%);
  • Automóveis: Amapá (-64%) e Espírito Santo (-33%);

Também foram avaliados os aumentos no período:

  • Pedestres: Alagoas (23%) e Tocantins (20%);
  • Ciclista: Roraima (167%) e Alagoas (154%);
  • Motociclistas: Amapá (91%) e Alagoas (36%);
  • Automóveis: Alagoas (52%) e Roraima (48%).

Os estados do Acre, do Espírito Santo, do Pará, de Rio de Janeiro, de Rio Grande do Norte e Paraíba não foram considerados nessa análise comparativa de variação do número de mortes por modo de transporte por apresentarem elevado percentual de mortes classificadas na categoria “outros”, que em geral está associada à falta da informação sobre o modo de transporte da vítima de acidente de trânsito. As variações por estado no número de mortes de ocupantes de caminhões e ônibus também não foi realizada em razão dos números estaduais serem reduzidos.

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