A edição de outubro da revista Pesquisa Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), única revista jornalística especializada em cobrir a produção científica e tecnológica do Brasil, destacou o aumento de 13,5% em mortes no trânsito na última década no Brasil. O OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária e a UFPR (Universidade Federal do Paraná) foram consultados pela reportagem para avaliar os possíveis motivos desse aumento.
Sinistros com transporte terrestre são a principal causa de mortalidade juvenil na América Latina, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, 392 mil pessoas morreram em decorrência de acidentes de trânsito entre 2010 e 2019, um aumento de 13,5% em comparação com a década anterior, conforme relatório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado no começo de agosto. Excesso de velocidade, consumo de bebidas alcóolicas e distrações ao volante, especialmente o uso de celulares, são alguns dos principais fatores de risco, que têm afetado de forma mais intensa homens e usuários de motocicletas. Para ampliar a segurança viária no país, especialistas defendem que é preciso realizar investimentos combinados tanto em infraestrutura de vias e mecanismos de fiscalização, como também na criação de campanhas para educar a população em relação ao cumprimento de leis e a adoção de comportamentos adequados no trânsito.
Cerca de 1,35 milhão de pessoas morrem anualmente no mundo por causa de acidentes viários. Quarenta e nove por cento são pedestres, ciclistas e motociclistas, de acordo com o sociólogo Victor Pavarino, oficial de Segurança Viária e Prevenção de Lesões da Organização Pan-americana da Saúde (Opas) e da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Em nível mundial, mais de 90% do total de mortes no trânsito ocorre em países de baixa e média renda, como são os casos de nações latino-americanas”, destaca. Dados da ONU mostram, ainda, que países da região registram 17 óbitos por acidente de trânsito a cada 100 mil habitantes, valor que representa quase o dobro da média europeia, de nove por 100 mil habitantes.
Se as mortes por sinistros de trânsito foram agravadas em todas as modalidades de transporte, entre usuários de motocicleta a situação é alarmante. De 2010 a 2019, os óbitos de motociclistas totalizaram 120 mil vítimas fatais, em comparação com o número de 60 mil registrado na década anterior, segundo levantamento do Ipea, desenvolvido a partir de informações do SUS. Acidentes com motocicletas respondem hoje por 44% das mortes no trânsito de pessoas entre 15 e 29 anos, enquanto atropelamentos são responsáveis pela maior parte dos óbitos de indivíduos com mais de 70 anos. “Em 2021, das 33,8 mil mortes no trânsito, 11,9 mil foram de motociclistas”, enumera o engenheiro civil Jorge Tiago Bastos, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Segundo o pesquisador, esse número está relacionado, entre outros motivos, ao crescimento da frota de motocicletas registrado nos últimos 25 anos, à expansão dos serviços prestados por esse tipo de condutor e às condições laborais precárias a que estão submetidos, com jornadas extensas e a necessidade de fazer um número grande de entregas.
Para o engenheiro, esse tipo de comportamento arriscado poderia ser evitado por meio de investimentos em educação para o trânsito, que estão previstos no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a Lei nº 9.503. Sancionada em 1997, a legislação define atribuições de autoridades de trânsito e estabelece normas de conduta, além de determinar infrações, crimes e penalidades para motoristas. “Cidades e estados não têm colocado em prática projetos de educação para o trânsito, apesar de previstos na legislação”, alerta o pesquisador. O Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), por exemplo, tem material paradidático, aprovado em 2017 pelo Ministério da Educação (MEC), voltado para uso em sala de aula de alunos do 1º ao 9º ano do ensino fundamental. Pedro Borges, responsável pela área de Mobilidade Segura do ONSV, explica que os documentos se apoiam na ideia de que a educação no trânsito é um princípio de cidadania. “A proposta é fazer com que a população compreenda que acidentes podem ser evitados, mas isso depende de nossa atitude nas vias”, observa.
Leia a matéria completa, de Cristina Queiroz, publicada originalmente no site da Revista Pesquisa Fapesp: https://revistapesquisa.fapesp.br/mortes-no-transito-crescem-135-na-ultima-decada/
VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO DE NOVA FRIBURGO/RJ É TEMA DE DEBATE COM PARTICIPAÇÃO DO OBSERVATÓRIO
O Programa Cidade Real, da TV Zoom - Empresa jornalística localizada em Nova Friburgo, no estado do Rio de Janeiro -, entrevistou na última segunda-feira (20), a public affairs do OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária, Daniela Gurgel, para falar sobre o atual cenário de extrema violência no trânsito que o município enfrenta.
ESTUDO NATURALÍSTICO DE DIREÇÃO BRASILEIRO (NDS-BR): DA CONCEPÇÃO AOS PRIMEIROS RESULTADOS É APRESENTADO NO 37º ANPET
O “Estudo naturalístico de direção brasileiro (NDS-BR) da concepção aos primeiros resultados”, artigo científico produzido no âmbito do Grupo de Pesquisa do OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária, que descreve o Estudo Naturalístico de Direção Brasileiro e é financiado pelo OBSERVATÓRIO, esteve entre as pesquisas apresentadas durante o 37º ANPET Congresso de Pesquisa e Ensino em Transportes, em Santos, no litoral do estado de São Paulo, entre os dias 06 e 10 de novembro.
INFLUÊNCIA DA PRESENÇA DE CHUVA NO COMPORTAMENTO DE CONDUTORES NO MEIO URBANO: UM ESTUDO NATURALÍSTICO DE DIREÇÃO
Ainda durante o 37º ANPET Congresso de Pesquisa e Ensino em Transportes realizado entre os dias 06 e 10 de novembro, em Santos, no litoral do estado de São Paulo, o artigo científico “Influência da presença de chuva no comportamento de condutores no meio urbano: um estudo naturalístico de direção” que utiliza dados do Estudo Naturalístico de Direção Brasileiro, um projeto financiado pelo OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária, foi apresentado aos participantes.
Boleto