Você costuma fazer uso do cinto de segurança no seu dia-a-dia? Ao entrar no automóvel, você automaticamente o afivela ou faz isso após algum tempo na direção do veículo por ter se esquecido, ou até mesmo após ser questionado? Muitos não sabem, mas esse instrumento de segurança individual possui uma história antiga e já salvou centenas de milhares de vidas pelo mundo.
Origem
Os primeiros modelos do cinto de segurança foram criados em 1885, para a segurança dos passageiros de carruagens de cavalos em Nova York, nos Estados Unidos da América. Em 1903, o francês Gustave Désiré Liebau patenteou o cinto de segurança de dois pontos e esse mesmo modelo passou a ser aprimorado pela aviação.
O sistema de cinto de segurança moderno, com três pontos de fixação, surgiu por volta da década de 1950, porém eram modelos que não foram aceitos pelos condutores da época pela falta de eficiência no uso e pela falta de consciência dos mesmos sobre os perigos na condução. Somente em 1959, o então engenheiro da Volvo, Nils Bohlin, desenvolveu um modelo de três pontos mais prático que se enrolava automaticamente e podia ser apertado com um simples movimento.
[caption id="attachment_29376" align="alignleft" width="307"] Nils Bohlin inventor do cinto de três pontos. Foto: Volvo[/caption]
Nils Bohlin - que anteriormente foi projetista de sistemas de ejeção de pilotos para a indústria aeronáutica -, foi contratado em 1958 pela Volvo como primeiro engenheiro de segurança da empresa e levou cerca de um ano para desenvolver e iniciar os testes com o dispositivo aprimorado de três pontos de fixação. Esse modelo foi patenteado apenas em 1962. Pouco tempo depois, a patente foi liberada para que todo fabricante de automóveis pudesse utilizá-la.
Considerado por muitos uma das principais invenções para a segurança viária, esse equipamento reduz em até 40% o risco de morte de usuários que se envolvem em ocorrências de trânsito.
No Brasil, o cinto tornou-se obrigatório em todos os automóveis à venda desde 1968, porém o uso obrigatório para o condutor e o passageiro em todas as vias do território nacional passou a ser regra somente em 23 de setembro de 1997, por meio da Lei nº 9.503 do Código de Trânsito Brasileiro. Segundo o artigo 167, o não uso do cinto de segurança por condutor ou passageiro é considerada infração grave, com multa de R$195,23 e cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação.
Entrevista
Para falar sobre a importância desse item essencial para todas as viagens, o OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária, entrevistou com exclusividade, Anaelse de Oliveira, coordenadora do PVST (Programa Volvo de Segurança no Trânsito no Brasil).
Mesmo com todos os estudos que comprovam a eficácia do uso do cinto de segurança, do seu ponto de vista, quais são os motivos que levam os condutores e passageiros a não utilizarem o instrumento?
É uma questão muito difícil de responder, pois envolve comportamento humano e as razões para comportamentos inadequados e inseguros são muitas; por exemplo a falta de percepção de risco. Nós continuamos a fazer e promover campanhas de estímulo do uso do cinto, evidenciando a importância desse equipamento de segurança passiva para os condutores e demais ocupantes dos veículos.
A Volvo é uma empresa focada em segurança e esteve sempre na vanguarda nesta área. Foram os engenheiros da marca que criaram o cinto de segurança de três pontos em 1959, uma invenção que já salvou mais de 1 milhão de vidas e que continua protegendo as pessoas e reduzindo drasticamente a gravidade de ferimentos em casos de colisão.
O que temos observado é que, com a profissionalização do setor de transporte comercial, os motoristas estão cada vez mais conscientes da necessidade de todos utilizarem os equipamentos de segurança. Mas há sempre espaço para melhorias e um longo caminho a ser percorrido pelas empresas, que estão cada vez mais preocupadas com a segurança dos condutores e dos demais usuários das estradas.
A Volvo mantém seu compromisso constante com a segurança. A empresa adotou, por exemplo, a Visão Zero Acidentes, conceito que tem como ideal de futuro o zero acidentes fatais com os veículos da marca.
É preciso que seja realizado algum tipo de manutenção no cinto de segurança?
O cinto é um equipamento de segurança passiva de série. Para proteger o condutor e passageiros, ele atua de forma mecânica quando ocorre o impacto, em conjunto com o banco e o airbag. Não há necessidade de manutenção no cinto de segurança. Eventualmente, após um acidente, sim, pode ser necessário trocá-lo. Mas é extremamente necessário manter a prática de fazer a manutenção regular dos demais dispositivos do veículo, como freios, parte elétrica e todos os demais itens tradicionalmente conhecidos e que impactam diretamente na segurança.
O cinto de segurança foi projetado para durar por toda a vida útil do carro. Como é um item de uso diário, o próprio condutor pode avaliar a condição do cinto todos os dias, verificando o estado da cinta, fecho e trava. Caso encontre qualquer inconformidade, o condutor deve relatar a uma oficina autorizada para que o problema seja ajustado e em nenhuma hipótese modificar ou tentar reparar por conta própria.
Qual a forma correta para gestantes utilizarem o cinto de segurança e, elas podem fazer uso do instrumento sem qualquer preocupação durante todo o período de gestação?
A forma correta de utilização do cinto é com a faixa transversal por debaixo da barriga e a faixa diagonal passando pelos ombros, entre os seios e seguindo para a lateral da barriga, sempre bem ajustadas ao corpo. Também é importante ajustar o banco e posição do volante à medida que a gravidez avança, o objetivo deve ser posicionar o banco com a maior distância possível entre o abdômen e o volante. Vale ressaltar que o equipamento de segurança deve ser utilizado sempre e seu uso não influencia na gestação, apenas protege de possíveis acidentes. A Volvo Cars, foi a primeira montadora a desenvolver o boneco de teste grávido, o que ajudou a entender como o corpo de uma gestante se movimenta e pode ser afetado durante um acidente.
Para as crianças, quais são os cuidados adequados ao utilizar o cinto para garantir a segurança em todas as idades, tanto no banco traseiro quanto no banco do passageiro, na frente?
No caso de crianças é importante ressaltar que além do uso obrigatório do cinto de segurança, os pais devem utilizar o assento infantil, que foi especialmente projetado para proporcionar às crianças uma boa segurança. Em alguns modelos Volvo, a almofada do banco pode ser elevada para duas posições dependendo do peso da criança. Para uma maior segurança é importante que os pais notem sempre se a almofada do banco ou cadeira escolhida para o transporte da criança corresponde ao seu peso, idade e altura, se o cinto está bem preso e não possui nenhum torção, e se ele se encontra na posição correta: faixa transversal abaixo da barriga e a faixa diagonal entre as mamas, sob o ombro e na lateral da barriga.
Anaelse Oliveira
Coordenadora do Programa Volvo de Segurança no Trânsito.
Fotos: Volvo
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