O OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária foi procurado pela CNN Brasil para analisar o atual cenário da segurança viária no País, após o trágico sinistro de trânsito envolvendo a colisão entre um ônibus e um caminhão, ocorrido em Taguaí, no interior de São Paulo, ontem (25), resultando em 41 óbitos.
Para Ramalho, diretor-presidente do OBSERVATÓRIO, sinistros como o ocorrido em Taguaí, servem para chamar a atenção do público para o problema. Com base em dados do Datasus, 32.655 brasileiros perderam a vida em sinistros de trânsito em 2018. O número é 25% menor que em 2011, quando o País registrou 43.256 óbitos.
De acordo com as projeções para 2019 e 2020, o Brasil atingiu apenas metade da meta de redução de mortes no trânsito da Década Mundial de Ação pela Segurança no Trânsito, compromisso firmado entre governos de todo o mundo em 2011. Um estudo realizado pelo OBSERVATÓRIO estima que cerca de 160 mil vidas poderiam ter sido preservadas ao longo da década caso a meta tivesse sido alcançada.
Segundo Ramalho: “Houve uma influência muito forte da crise que o Brasil viveu de 2015, em diante”, explica. “Se buscarmos os dados estatísticos, vamos perceber que houve uma redução na circulação de veículos. Os indicadores de queda de produção mostram uma queda dessa circulação, já que nossa malha de transportes é rodoviária”.
Sinistros de veículo pesados com vítimas fatais, como o que aconteceu na quarta-feira (25), na rodovia SP-249, no interior de São Paulo, foram mais frequentes nos estados de Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina em 2018, onde representaram de 4% a 6% dos óbitos no trânsito. Do total de vítimas em 2018, 3%, ou cerca de 980 pessoas, morreram em acidentes que envolviam veículos pesados, como ônibus e caminhões.
“Ficamos muito tristes com a dor dos familiares, as mortes no trânsito não são estatísticas, mas um momento como o de hoje serve para tentarmos passar para a sociedade uma lição, uma orientação. Morre uma pessoa a cada 15 minutos no trânsito e ninguém fala nada. A ONU declarou essa a década da redução, entre 2011 e 2020, porque se nada tivesse sido feito, hoje sinistros de trânsito seriam a segunda ou terceira causa de morte no mundo”, argumenta Ramalho.
O diretor-presidente do OBSERVATÓRIO defende que além da atual forma de Educação para o Trânsito, as pessoas tenham um preparo maior, além da necessidade de apenas passar nas provas.
“Os condutores precisam ser orientados a compreenderem a percepção de risco. Se mostrarmos uma placa, a maioria vai saber responder que se trata de uma ‘curva sinuosa à direita’, mas será que todos compreendem os riscos? E mais, as pessoas sabem como devem agir, como devem conduzir o carro em uma curva dessas? Você aprendeu o que significa a placa, mas não sobre o risco e o comportamento”.
Foto: CNN Brasil
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