“Quando há um grande fluxo de veículos em uma via, se diminui a velocidade média permitida. Então, você para de matar e começa a sequelar os condutores de veículos (…). O Brasil está matando a força de trabalho”. A fala é do diretor-presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), José Aurélio Ramalho, que veio ao Espírito Santo na tarde desta quinta-feira (06) realizar uma palestra no auditório do Detran –ES (Departamento Estadual de Trânsito) sobre “O cenário do trânsito brasileiro e do Espírito Santo”.
Durante a palestra, que teve intermediação da Banestes Seguros e durou quase três horas, Ramalho explicou um pouco sobre o trabalho do Observatório, que é considerado uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), sendo reconhecido, portanto, pelo Ministério da Justiça. A instituição possui quatro eixos de atuação: estudos e pesquisas, dados e informações, educação e advocacia.
O Observatório basicamente funciona por meio das constatações populares. “Tudo o que a gente ouve falar, nós fazemos estudos para ver se a fala é comprovada e pleiteamos mudanças na legislação de trânsito”, disse Ramalho. Entre as várias lutas da organização estão impedir a venda de motocicletas para pessoas que não possuem carteira nacional de habilitação (CNH), melhorar a qualidade na formação de novos condutores, aplicação de testes psicotécnicos inclusive no momento de renovar a CNH e redução de impostos sobre os itens de segurança para motociclistas.
No encontro, José Aurélio Ramalho fez inúmeras críticas ao modelo de trânsito vigente que, segundo ele, não tem estratégia e que, muitas vezes, favorece a indústria automotiva, dificulta o trabalho dos órgãos fiscalizadores e é alvo de corrupção como, por exemplo, no caso de empresas que são contratadas para instalar placas com material retrorefletido, mas que não o fazem adequadamente. Os anseios do Observatório Nacional de Segurança Viária vão de encontro a uma legislação muito mais dura para os infratores e um processo de educação e conscientização dos brasileiros muito mais eficiente.
Números do trânsito no Espírito Santo
Levantamento da ONSV aponta que são necessários 527 anos de mortes provocadas pelo vírus H1N1 para que se mate a mesma quantidade de pessoas que o trânsito no Brasil em apenas um ano. Em todo o país, há cerca de 400 mil sequelados por ano devido aos acidentes de trânsito.
O Espírito Santo é o 15º estado do país com o maior número de indenizações por ocorrência de acidentes, de acordo com dados recolhidos de 2011 ao terceiro trimestre de 2013. Considerando o mesmo período, o número de casos de invalidez chega a 758 – número 36% maior que o índice de indenizações por morte, equivalente a 485.
Fonte: Jornal O Capixaba
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