Ciclistas entregadores enfrentam risco nas faixas exclusivas de ônibus, atribuem prática à falta de respeito dos condutores de outros veículos e falta de espaço seguro para ciclistas
Reportagem do jornal Tribuna de Minas, de ontem (07), destaca o uso inadequado das faixas exclusivas para ônibus e táxis por condutores de outros tipos de veículos em Juiz de Fora, município no estado de Minas Gerais, e que resultou em 511 autuações entre janeiro e julho deste ano. Apesar de as vias serem sinalizadas, é possível flagrar infrações em alguns minutos de observação, principalmente na Avenida Barão do Rio Branco, na região central, onde ciclistas que atuam como entregadores costumam utilizar as faixas destinadas aos ônibus. Entretanto, esse tipo de violação às leis de trânsito não está entre as registradas pela fiscalização, visto que as bicicletas não são emplacadas.
O Observador Certificado do OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária, especialista em Engenharia de Transportes e consultor, José Luiz Britto Bastos, ressalta que a faixa exclusiva é muito séria e importante, porque é uma das condições fundamentais para a melhora do transporte público. Os veículos e, particularmente, as bicicletas, segundo José Luiz, atrapalham o fluxo de ônibus e provocam riscos. “É proibido por lei. A lei precisa ser respeitada. No Rio de Janeiro e em São Paulo, há câmeras voltadas para as faixas exclusivas, para flagrar as pessoas que trafegam nas vias exclusivas.”
Entre os pontos que motivam os entregadores a usarem as faixas exclusivas estão a segurança e as condições das ruas da cidade. À Tribuna, eles contam que sentem maior segurança ao lado dos ônibus do que nos espaços que são destinados a eles juntamente com outros tipos de veículos, mesmo quando há ciclorrotas.
No caso de Juiz de Fora, José Luiz, defende que é preciso pensar em uma ciclovia para a cidade, para que os ciclistas tenham espaços mais adequados para trafegar. “Juiz de Fora precisa de um novo estudo, na cidade toda, para estabelecer onde é possível ter vias exclusivas. Precisamos dessa modificação geral do plano viário para trabalharmos as questões de mobilidade urbana, restringindo cada vez mais o uso do automóvel.” Segundo ele, é um trabalho que precisa ser feito por etapas, tendo início no Centro e, depois, seguindo para os principais corredores, até chegar nas regiões mais afastadas.
O Observador Certificado argumenta que é preciso pensar no que o município deseja para o futuro: se quer – e suporta – continuar com tantos automóveis circulando, se os carros vão continuar com a prioridade no tráfego e quais soluções podem ser tomadas a partir desta orientação, considerando que há diferentes problemas. “A via do motorista é infinitamente melhor e mais segura do que a via do pedestre. A calçada tem obstáculos, rampas, buracos. Como diz o arquiteto dinamarquês Jan Gehl, a cidade é para as pessoas, e temos que pensar primeiro nelas.” Para isso, ele frisa, é preciso modificar o sistema de transporte público, aumentar o número de faixas exclusivas, investir na bicicleta como modal e implantar ciclofaixas e ciclovias, além de incentivar as caminhadas a pé, em distâncias menores.
José Luiz também identifica que há um problema grave de desrespeito às leis em Juiz de Fora. Segundo ele, é preciso tratar a educação para o trânsito também como uma prioridade absoluta, intensificando campanhas e estratégias de formação e informação.
Leia a reportagem completa: https://tribunademinas.com.br/noticias/cidade/07-09-2021/entregadores-enfrentam-riscos-na-faixa-exclusiva-de-onibus-para-driblar-dificuldades-no-trafego.html
Foto: Reprodução Jéssica Pereira/Tribuna de Minas
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