A velocidade da intolerância
Na manhã de sexta-feira (22), os portais de notícias, redes sociais e ferramentas de comunicação nos apresentaram o vídeo em que um cidadão, agente político da cidade de Sumaré/SP ataca ferozmente um equipamento medidor de velocidade estático, o qual estava posicionado na via pública.
Disse no vídeo o cidadão, que estava a cumprir uma determinação do chefe do Executivo da cidade, e que ali, na cidade dele aquilo ali não seria tolerado na cidade, não haveria “caça-níqueis”.
Após o ataque, o equipamento medidor de velocidade e seu suporte, como uma presa abatida pelo caçador, foram levados pelo seu algoz para seu gabinete para ele saber quem iria retirá-lo.
Certamente, há quem venha a aplaudir tal ato, talvez pelo desconhecimento de tudo que envolve o trânsito, a necessidade da fiscalização, mas existem meios e formas corretas para abrir mão desse tipo de serviço prestado.
Em um primeiro momento nos chama a atenção tamanha agressividade, ódio em relação a um equipamento que está na via pública a serviço da municipalidade.
De acordo com publicação da Associação Brasileira das Empresas de Engenharia de Trânsito – ABEETRANS a atuação do equipamento estava regular e prevista em contrato, bem como a equipe que o opera possui autorização para trabalhar.
Com efeito, é importante destacar que a fiscalização eletrônica de velocidade nas vias do município somente é realizada através da determinação dele, do seu órgão ou entidade com circunscrição sobre a via, não existe a possibilidade de qualquer empresa a seu bel prazer comprar um equipamento medidor de velocidade e passar a prestar o “serviço de autuações” dos condutores que venham a desrespeitar os limites de velocidade estabelecidos.
Para que a fiscalização do excesso de velocidade venha a ocorrer, é necessário que a via possua sinalização de regulamentação da velocidade, dentre outras formalidades previstas na Resolução número 396/2011 do Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN.
Cumprida essa regra, eventuais autuações somente serão lavradas para condutores que venham desrespeitar o limite de velocidade, e isso inclui ultrapassar até mesmo os limites de tolerância dos equipamentos, sendo ela de 7Km/h para velocidades até 100Km/h e de 7% para velocidades acima de 100Km/h.
Arriscamos dizer que a fiscalização com equipamentos medidores de velocidade é a forma mais justa de lavrar uma autuação pois, somente quem está em evidente excesso a recebe.
Lamentamos profundamente o ocorrido pois, dentro dos pilares da Década Mundial de Ações para a Segurança no Trânsito, estabelecida pela ONU, a redução da velocidade e a fiscalização desse tipo de infração são partes importantes no processo de reduzir vítimas fatais no trânsito do país.
Mortes no trânsito causam dor em familiares e amigos, mas também causam despesas que são suportadas por toda sociedade.
Dados do IPEA apontam que cada óbito no trânsito custa para a sociedade R$ 550.000,00 e a considerar os dados de óbitos do InfoSiga do Governo do Estado de Paulo para o município, em que de janeiro a dezembro de 2018, 18 pessoas perderam a vida no trânsito, o custo estimado de tais óbitos foi de nove milhões e novecentos mil Reais, possivelmente um valor superior ao que se arrecadou com as autuações por desrespeito à legislação de trânsito.
Atitudes como as registradas no vídeo, que se perpetuarão ao longo dos anos na internet, não contribuem para a segurança viária, para a preservação da vida, em especial, em um país como o Brasil, que ocupa o terceiro lugar entre aqueles que mais matam no trânsito.
Nossa expectativa é que as autoridades competentes adotem as medidas necessárias para o caso, de forma que ela não venha incentivar outras pessoas a, equivocadamente, agir da mesma forma.
Por fim, mais uma vez destacamos que a velocidade que empolga, é a mesma que mata, precisa ser fiscalizada, bem como ações como as registradas precisam ser coibidas, para que a intolerância não avance rapidamente pelo país.

AÇÃO COM TEMA MORTE ALERTA SOBRE VELOCIDADE E CINTO DE SEGURANÇA EM ASSIS/SP
O instrutor de trânsito e Observador Certificado pelo OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária, André Ferreira, percorreu pontos da cidade de Assis, no interior de São Paulo, vestido de "Morte" para alertar sobre os cuidados que devem ser tomados em trânsito.

DISPOSITIVO PARA CONTROLE DE ESTABILIDADE DE VEÍCULOS PASSA A SER OBRIGATÓRIO EM 2024
O Jornal da EPTV 2ª Edição de Campinas e Piracicaba, da EPTV afiliada à TV Globo, noticiou um novo dispositivo para controle de estabilidade de veículos que passa a ser obrigatório em automóveis novos a partir de 2024. Para falar sobre ele e como a tecnologia embarcada contribui para a redução de sinistros de trânsito, o Observador Certificado Marcos Oriqui, foi consultado pela reportagem na última quarta-feira (31).

As Rodovias que Perdoam Escolhem a Vida
"RODOVIAS QUE PERDOAM" é um conceito usado para descrever estradas projetadas e adequadas para reduzir a gravidade dos acidentes de trânsito.
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