Como alternativa a um transporte público caro e deficiente, para driblar o trânsito caótico, ganhar tempo no trânsito ou como opção de trabalho, as motos vem ganhando cada vez mais espaço. A frota de duas rodas cresceu 159% no Brasil nos últimos dez anos. Em alguns Estados, o total de motos ultrapassa o número de habilitados na categoria A.
Maior que o crescimento da frota de motos, somente o crescimento da acidentalidade com motociclistas. Apesar da grande vulnerabilidade, esse veículo rápido, econômico, relativamente barato, veio pra ficar. É urgente então pensarmos o que será feito para estancar essa sangria (literalmente), pois além dos custos imensuráveis da perda para as famílias e das sequelas permanentes, os custos econômicos e sociais já foram mensurados e seus impactos são sentidos por todos nós.
Problemas complexos como a acidentalidade exigem soluções transversais. Não há uma só ação que vá resolver o problema. Começando pelas atribuições do Detran/RS: a formação precisa ser qualificada e a educação para o trânsito intensificada. O condutor deve ser treinado e avaliado na realidade vivencial. A tecnologia está aí para ajudar. Simuladores de direção permitem um primeiro contato com a direção do veículo sem o risco do trânsito.
Antes de receber a CNH, deve-se garantir que o condutor tenha as habilidades mínimas para se manter vivo nas ruas, como usar adequadamente 70% do freio dianteiro, por exemplo. O motociclista deve ser lembrado frequentemente sobre comportamentos imprudentes e o risco da negligência pelo desuso dos equipamentos (capacete, roupas de segurança, botas e luvas). A formação deve ser continuada, com cursos de qualificação para os já habilitados.
O sistema viário é corresponsável pelas mortes no trânsito. Sinalização ineficiente, pavimento inadequado, pista escorregadia, falta de planejamento. Gestores devem buscar intervenções que minimizem os riscos: utilizar materiais antiderrapantes, tapar buracos, incluir faixas adicionais para veículos lentos e evitar tachões e prismas de concreto.
A qualidade do transporte público também deve entrar em pauta quando o assunto é o crescimento exponencial das motocicletas nas cidades. Muitos dos novos motociclistas viram na moto uma alternativa a um transporte caro, ineficiente e desconfortável. Não só o estado de conservação dos ônibus, trens e lotações deve ser fiscalizado, mas também as vias devem ter faixas exclusivas ou prioritárias, garantindo uma certa vantagem para quem opta pelo coletivo ao invés do transporte individual. O custo do transporte é um ponto chave, que precisa ser equacionado.
Não podemos falar em segurança de motociclistas sem falar dos profissionais. Motofretistas e mototaxistas, embora se envolvam menos em acidentes, estão sempre expostos. A legislação e os órgãos de fiscalização devem protegê-los. É preciso fiscalizar o cumprimento da Lei Federal 12.009/09, que regulamentou a profissão, exigindo do trabalhador requisitos mínimos. O empregador também deve ser fiscalizado para que não faça exigências irreais, que forcem o motociclista a exceder a velocidade e cometer outras imprudências.
Deve-se também fazer o controle da importação de motocicletas de baixa qualidade sujeitas a pane elétrica, quebra de quadro e chassi, sem disponibilidade de peças de reposição, baixa qualidade do farol e pneus inadequados para pistas molhadas. A indústria, que sempre evitou discutir a insegurança e a invisibilidade dos motociclistas buscando afastar-se da imagem negativa diante dos custos sociais absurdos dos acidentes de trânsito, também precisa ser chamada à sua responsabilidade.
Por fim, o mais importante, sem o que nenhuma das medidas citadas será eficaz: o cuidado dos demais motoristas com os usuários mais vulneráveis. O Código de Trânsito Brasileiro normatizou uma medida de bom senso, que deveria servir pra quase tudo na vida: os maiores cuidam dos menores. O motorista de carro ou veículo pesado cuida do motociclista, empregadores cuidam de trabalhadores, a indústria cuida do consumidor e os governos cuidam de seus cidadãos.
Osasco e o compromisso com o trânsito seguro
O OBSERVATÓRIO e a Uber, empresa Mantenedora Social do ONSV, foram recebidos com muito entusiasmo na última semana em Osasco, na grande São Paulo. A SMTU (Secretaria Municipal de Transportes e Mobilidade Urbana) e mais seis parceiros, além da Cia de Teatro Sopa de Comédia, promoveram uma manhã de mobilização na cidade.
OBSERVATÓRIO recebe doação para investimento em ações do Maio Amarelo
No último dia 14 de abril, o OBSERVATÓRIO recebeu a visita de Renato Fialho, Diretor de Novos Negócios da TSI Consultores, e Marcius D’Avila, Head de Negócios e Parcerias do Portal Safety. Os dois se reuniram com o CEO do OBSERVATÓRIO, Paulo Guimarães.
Segurança em Duas Rodas: Prevenção, Consciência e Dados são Pautas em Palestra na 99
Na última quinta-feira, 10, o Membro do Conselho Deliberativo do OBSERVATÓRIO, Prof. Dr. Jorge Tiago Bastos, conduziu uma palestra durante um evento interno da 99. A empresa, que é uma das mantenedoras sociais do OBSERVATÓRIO, busca contribuir ativamente para a redução de sinistros de trânsito e a promoção da conscientização sobre a segurança viária.
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