Artigos

Uma Vacina Contra os Males do Trânsito

Escrito por Portal ONSV

27 SET 2012 - 18H17

"Uma

Se você demorar oito minutos para ler este artigo, pode ter certeza de que, ao terminar, mais um brasileiro terá perdido a vida em razão de um acidente de trânsito. Este ano, segundo as projeções do Observatório Nacional de Segurança Viária sobre os dados informados pelo consórcio de empresas que administra o seguro obrigatório para veículos, Seguradora Líder DPVAT, aproximadamente 60 mil pessoas morrerão nas ruas, avenidas e rodovias do país, vitimas de acidentes de trânsito. São mortes estúpidas e doloridas, mas não são trágicas, como se costuma dizer. Tragédia é o que não se pode evitar, o resultado de uma catástrofe que se abate sobre determinada população e contra a qual não há como se precaver, por desinformação, falta de recursos ou mera incapacidade. Foi trágico, por exemplo, o tsunami no Japão, em 2011, que matou 11 mil pessoas – um desastre natural que teria de se repetir cinco vezes em um ano para chegar perto da dimensão do que ocorre no trânsito brasileiro.

Acidentes de trânsito podem ser apropriadamente comparados com doenças e epidemias, mais do que com calamidades. Suas causas são diagnosticáveis. Suas circunstâncias podem ser estudadas. E sua ocorrência pode ser reduzida com uma série de medidas profiláticas.

A dengue faz 1 300 vítimas fatais ao ano no país, e mataria muito mais se não houvesse uma mobilização nacional contra ela. Governos investem no combate ao mosquito e chamam a população a colaborar destruindo focos de proliferação. A conscientização chega ao ponto em que a maioria dos cidadãos sabe dos riscos, boa parte teme as consequências de conviver com eles e muitos contribuem tomando atitudes práticas para sua redução. A imprensa, por seu lado, trata com ênfase o problema sempre que as partes deixam de cumprir seu papel. Não se chega à erradicação da doença, mas há certeza de que a inação produziria um quadro muito pior. Outra praga, a gripe H1N1, corretamente tratada quase como uma questão de segurança nacional, controlada nos limites em que está, demoraria 527 anos para ceifar a mesma quantidade de vidas perdidas por atitudes de condutores, pedestres imprudentes e autoridades relapsas.

As ações positivas e com resultado contra o inimigo quase invisível das epidemias, surpreendentemente, não se repetem no enfrentamento do gigantesco e onipresente problema da segurança viária. Houve enorme progresso nos últimos anos em vários aspectos relacionados ao tema, mas eles pouco se traduzem na redução das mórbidas estatísticas. Motociclistas, quase unanimemente, usam capacetes nas grandes cidades. Os veículos ganharam novos dispositivos de segurança. Gasta-se algum dinheiro com sinalização de trânsito e recuperação de rodovias. Algumas estradas adotaram padrões mundiais de qualidade. Campanhas são realizadas para educar pedestres e condutores. As ciclovias começam a tornar-se uma realidade em algumas cidades. Mas o número de mortos continua crescendo.

Há quem veja razões econômicas para o fenômeno. A classe C chegou ao mercado de carros novos, que bate recorde sobre recorde, e a D sustenta o de usados, quase sempre com manutenção inadequada. Mas a responsabilidade desse processo na produção de acidentes fatais tem de ser delimitada ao seu real e pequeno papel – e também combatida com a efetiva fiscalização e retirada de circulação dos veículos imprestáveis, para os quais, aliás, nem existem depósitos que venham a dar conta de tamanha frota sucateada que circula em nossas cidades. Por outro lado, conformar-se com mais acidentes apenas porque há mais veículos em circulação equivale a admitir absoluta incompetência na gestão do problema – como se fosse natural, por exemplo, aceitar que mais gente deve morrer de fome na medida em que aumenta a quantidade de habitantes do planeta.

O fato é que não há desculpas para se abarrotar leitos hospitalares, centros de fisioterapia, filas de aposentados por invalidez e cemitérios em razão de um processo socialmente suicida estabelecido no trânsito. Existe informação sobre como e por que ocorrem os acidentes. Há tecnologia para reduzir os pontos críticos do sistema viário. Não faltam órgãos oficiais encarregados desse assunto nem gente competente em muitos deles. Verbas de divulgação não parecem ser o problema de prefeituras, estados e União, onipresentes na publicidade para, como se diz, “prestar contas à sociedade” sobre os feitos das autoridades de plantão. Cidadãos que já perderam familiares ou estiveram eles próprios envolvidos em situações de perigo ao volante ou diante de um veículo também há milhares, milhões, de algum modo, prontos a ajudar como vozes de liderança numa luta coordenada e efetiva contra essa verdadeira doença.

O Observatório Nacional de Segurança Viária nasceu com a proposta de ser um elo entre todas essas partes, um ponto equidistante de todos os atores, que capta e realiza estudos, encontra propostas e sugere parcerias para encaminhá-las, contribui para a descoberta de soluções viáveis e orientadas numa única direção: a de poupar vidas com a ampliação da cidadania e da urbanidade. O OSNV quer ajudar a encontrar a vacina contra os males do trânsito.

José Aurélio Ramalho

Diretor Presidente

Observatório Nacional de Segurança Viária

 

Uma organização não governamental sem fins lucrativos, reconhecida pelo Ministério da Justiça como OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que trabalha permanentemente com campanhas e pesquisas que ajudam a conscientizar, apoiar e divulgar iniciativas que tenham reflexo positivo na diminuição de acidentes de trânsito.

Observador_certificado_alerta_para_aumento_de_mortes_em_todo_estado_de_sao_paulo
Observadores Certificados

Observador Certificado alerta para aumento de mortes no trânsito em todo o estado de São Paulo

O Observador Certificado André Ferreira falou ontem (25), ao Assis City, portal de notícias do interior de São Paulo, sobre o aumento de mortes no trânsito em todo o estado de São Paulo, sinistros que registram ainda motociclistas como maioria das vítimas.

Artigo_OC_Alvaro_Santos_Proseg_Parana
Artigos

PROSEG PARANÁ - Programa de Segurança Viária das Rodovias Estaduais do Estado do Paraná

O relatório global da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre segurança no trânsito 2023 detalha a escala das mortes no trânsito global e o progresso no avanço de leis, estratégias e ações para reduzi-las em todo o mundo. O relatório mostra que o número de mortes no trânsito caiu ligeiramente para 1,19 milhão por ano, e que os esforços para melhorar a segurança nas estradas estão tendo impacto. No entanto, o preço pago pela mobilidade continua muito alto, e uma ação urgente é necessária se a meta de reduzir pela metade as mortes e ferimentos no trânsito até 2030 for alcançada.

Iluminacao_publica_contribui_para_o_transito_seguro
Matérias

Iluminação pública contribui para o trânsito seguro

Com o intuito de orientar os prefeitos e gestores públicos quanto à perenidade das ações do Minas Led*, assim como as melhores práticas no que diz respeito à iluminação pública, a Cemig - Companhia Energética de Minas Gerais, lançou a Revista Minas Led. Em sua primeira edição, traz a entrevista do CEO do OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária, Paulo Guimarães, que fala sobre a contribuição da iluminação pública para o trânsito seguro e mobilidade urbana.

Seja o primeiro a comentar

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.

0
Saiba mais

Boleto

Reportar erro!

Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:

Por Portal ONSV, em Artigos

Obs.: Link e título da página são enviados automaticamente.