*Guto Castro
Muito feliz com o tema do Maio Amarelo deste ano: “No trânsito, escolha a vida.” Uma vida sem escolha é uma vida sem ética. Ética não é um conjunto de leis fechadas. Ética tem haver com liberdade de escolha, livre arbítrio. A possibilidade que temos de escolher como queremos conviver. A ética parte de uma primícia: a nossa convivência pode ser diferente do que ela é. E, portanto, nossa convivência pode ser melhor do que ela é.
Ética é a inteligência compartilhada a serviço do aperfeiçoamento da convivência. Ética é porque há liberdade e se abrimos mão da liberdade, de fazer a sociedade que queremos, teremos também aberto mão da ética e da escolha para um mundo melhor.
Aristóteles acreditava que o homem poderia ser melhor através das escolhas de uma série de bons hábitos nos ensinados na escola, na universidade. Nós não nascemos prontos. Somos educados, condicionados, para fazer o bem. E por isso podemos aprender e realizar escolhas que não irão nos machucar. Esse mundo que nos apresenta hoje resulta de nossas escolhas. E assim quando mais tarde você assumir a escolha, por exemplo, de dirigir e não beber – você estará realizando uma opção pela vida. Quando você não ultrapassar os limites de velocidade da via, também; assim como não avançar o sinal vermelho ou dirigir e não falar no celular, entre outras orientações que você aprende pela vida e para a vida.
O contrário, o malefício é também uma escolha, assim como o benefício. Outros poderão até justificar o malefício dizendo que a culpa é do outro, do sistema, etc. Denomina-se má fé quando você nega a própria liberdade de fazer escolhas, sobretudo, pelo bem comum. Tudo isso para justificar comportamentos que nos envergonham no trânsito e na vida, que nos causam tristeza e que conscientemente sabíamos que não deveríamos ter tido.
A verdade é que atribuir a razão das nossas causas as outras circunstâncias que não a nossa liberdade de escolha nos convêm porque essa coisa de ser livre pode parecer um privilégio. Mas, não é. Liberdade de escolha implica em responsabilidade, respeito e obediência aos contratos sociais – a Constituição, o Código de Trânsito Brasileiro, o Código Civil, o estatuto do condomínio, etc.
O professor de Ética do Curso de Comunicação da USP e palestrante, Clóvis de Barros Filho costuma dizer em suas conferências algo interessante sobre essas questões. Ele nos fala que “se você vai ao Exército, por exemplo, o primeiro valor do banner é a disciplina e a melhor solução é sempre a mais disciplinada. E na hora da dúvida, quando a corneta tocar às cinco da manhã você levanta. A disciplina é a referência. Mas, se você sai do Exército e vai para um asilo de idosos, o primeiro valor ali é o repouso. A melhor vida é a mais repousante. E se alguma corneta tocar às cinco da manhã, os seus habitantes levantarão no máximo para ir ao banheiro e voltarão para dormir porque aquilo de tocar corneta às cinco da manhã no asilo foi uma escolha errada, foi um erro”.
Você que é livre para fazer suas escolhas também terá que criar uma hierarquia de valores. E não é uma escolha individual, isso é construído coletivamente. Posto que a sua escolha individual de ser feliz não é maior do que a escolha coletiva da sociedade de ser feliz.
Portanto, a ética é um exercício coletivo de escolha permanente. Oxalá, que as escolhas sejam sempre para o bem-comum. A escolha antecede a causa. Seria muito ruim não ter a opção de escolha. Mas, escolhendo você é responsável pela escolha que fez. E para fazer boas escolhas é preciso abdicar dos nossos instintos e apetites mais selvagens. A ética, portanto, é um zelo para boa convivência, uma escolha para boa convivência e a manutenção do nosso bem supremo que é a vida.
* Guto Castro é filósofo, educador, especialista em filosofia clínica e observador certificado pelo OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária.
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