Jorge Brand
Atualmente, Curitiba registra 1.412.081 veículos motorizados, dos quais 975.233 são automóveis. Veículos fantásticos e necessários para uma série de afazeres, mas...
Mas nas ruas da cidade, em 2015, ocorreram 23 mil acidentes de trânsito, com 184 óbitos no local, outros 50 nos meses seguintes, e mais de 8 mil feridos e sequelados, que ocuparam 30% dos leitos hospitalares. São números desastrosos também para a sociedade, a economia e a administração pública, difíceis de computar, quando se incluem ao lado dos danos materiais as perdas de tempo e de vida produtiva.
No Brasil como um todo, segundo o Observatório Nacional de Segurança Viária, quase 44 mil pessoas morrem por ano em acidentes de trânsito. Somados os custos hospitalares e de tratamento dos sobreviventes, assim como de reparação de sinalização e equipamentos etc., estima-se um dispêndio de R$ 56 bilhões ao ano. Recursos suficientes para construir 28 mil escolas a R$ 2 milhões cada, ou 1,8 mil hospitais a R$ 30 milhões cada!
Entre as causas dos acidentes, além da imprudência e do abuso do álcool, devemos reconhecer as inadequações do sistema de trânsito. A criação de perímetros de velocidade reduzida é uma resposta aos dois dilemas, o das inadequações e o da imprudência.
Ora, Curitiba conta com um sistema viário bastante completo e complexo. São 4,5 mil quilômetros de ruas. A maior parte das vias (80%) tem velocidade regulamentada entre os 30 km/h e os 50 km/h. Outros 20% estão no intervalo de 50 km/h a 60 km/h. Apenas a Linha Verde e a Comendador Franco apresentam o limite de 70 km/h como velocidade máxima permitida.
No contexto deste sistema, há pouco mais de um ano foi implantada na região central a Área Calma, com velocidade máxima fixada uniformemente em 40 km/h. Vale lembrar que o projeto de um “centro acalmado” em Curitiba não é novo. A própria implantação do calçadão para pedestres na década de 1970 e outras medidas que restringiram o livre acesso dos carros já eram indicativos destas políticas. Há anos que setores do Ippuc vinham cogitando a adoção de um limite de 30 km/h – uma “Zona Trinta” – para o Centro da cidade.
No atual perímetro da Área Calma, muitas vias eram limitadas a 30 km/h e a maioria, a 40 km/h. Por sugestão da Urbs, o projeto foi implantado com o ponto de equilíbrio em 40 km/h para todas as vias, incluídas as canaletas do expresso. Estas velocidades não são arbitrárias. A 50 km/h, o risco de uma fatalidade numa colisão ou atropelamento é de 50%. A 40 km/h, este risco desaba para 20%.
Com a Área Calma, noutras palavras, reduziram-se as colisões e os atropelamentos. Em um ano, chegamos a índices superiores a 30% de redução destes eventos. Um passo importante rumo à meta de zerar as mortes causadas pelo trânsito.
Sim, a Área Calma demanda ajustes e complementos. Precisamos requalificar as calçadas, implantar travessias elevadas, definir as rotas prioritárias para o fluxo de ciclistas. Muitas vias situadas na Área Calma podem receber ciclofaixas, tais como Cruz Machado, Barão do Rio Branco, Trajano Reis, Inácio Lustosa, Paula Gomes e Doutor Muricy. Noutras mais, o ciclista poderá compartilhar o espaço viário com os motoristas, como estabelece o Código de Trânsito.
Curitiba tem sido sábia, incorporando gestão após gestão, cumulativamente, as iniciativas que a tornam – com todos os problemas da hora presente – uma cidade boa de viver. A política de respeito no trânsito, traduzida na Área Calma, a ser expandida para toda a capital, é uma dessas iniciativas que se inscrevem como conquistas definitivas dos curitibanos.
SISTEMA ANCHIETA-IMIGRANTES/SP TEM O ANO MAIS LETAL DE TODA A SÉRIE HISTÓRICA
A matéria do Diário do Grande ABC da última segunda-feira (27), alertou que, segundo dados do Infosiga, sistema de monitoramento do governo estadual gerenciado pelo Detran-SP (Departamento de Trânsito de São Paulo), o número de mortes no trânsito nas rodovias do SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes) de concessão da Ecovias, no Grande ABC - estado de São Paulo -, é o maior da série histórica, divulgada desde 2015. O Observador Certificado Régis Frigeri avaliou boas práticas que promovem a segurança do trânsito nas rodovias a pedido da reportagem.
OBSERVADOR CERTIFICADO É UM DOS PALESTRANTES DO SANTA SUMMIT
O doutor em Mobilidade Urbana, professor da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) e Observador Certificado, Carlos Félix, foi um dos palestrantes durante o Santa Summit. Realizado entre os dias 24 e 25 de novembro, o evento abordou diversas temáticas com base em cinco pilares: Educação, Inovação, Empreendedorismo, Negócios e Sustentabilidade, em Santa Maria, Rio Grande do Sul.
MODELOS PREDITIVOS PARA SINISTROS DE TRÂNSITO
A segurança viária é uma prioridade incontestável em todo o mundo, uma vez que sinistros de trânsito não apenas resultam em perdas significativas de vidas humanas, mas também têm impactos econômicos e sociais substanciais. Em busca de estratégias mais eficazes de prevenção e intervenção, os modelos preditivos de sinistros de trânsito emergem como ferramentas cruciais na compreensão dos fatores subjacentes à ocorrência desses eventos e na antecipação de riscos potenciais. Esses modelos abrangem desde abordagens estatísticas tradicionais, oferecendo insights valiosos para planejadores urbanos, engenheiros de tráfego e autoridades de segurança viária.
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