Para além da racionalidade, a campanha do “Maio Amarelo de 2023”, sob o título: “No trânsito, escolha a vida”, convida-nos a repensar o comportamento, apostando no poder do autoconhecimento e da consciência coletiva para a construção da segurança. Entende-se que, neste propósito de escolha pela vida, somos desafiados, no dia a dia, à relação com o outro. Graças a esta relação, constatamos as nossas diferenças, e nos descobrimos como seres sociais, o que nos capacita ao desenvolvimento da autonomia e empatia.
A propósito, Paulo Freire em sua obra “Pedagogia da autonomia” nos leva a refletir sobre a necessidade do ser humano despertar para a sua condição de ser. Isso posto, poder-se-á estimular nos cidadãos, o desenvolvimento de valores, hábitos e comportamentos éticos e incorporar inúmeras virtudes, tais como generosidade, paciência, tolerância com o diferente, humildade e empatia.
No intuito da transformação social, a construção da paz no trânsito requer, inicialmente, que a pessoa se disponha a tomar consciência de si mesma, entendendo verdadeiramente o seu papel no agir cidadão em cada deslocamentos diários. É pensar na mobilidade humana, na vida urbana e na sua responsabilidade social. Sendo assim, a prática do comportamento ético implica no agir em função do sentido positivo de fazer o correto no trânsito, apenas por ser correto, e não se pautando pelo medo da punição nem pelo interesse em prêmio. Por isso, as normas e leis de trânsito estabelecidas terão um significado diferenciado, na medida da sua legitimação pela segurança social e não pela imposição do Estado.
A escolha pela vida nos remete a reflexões quanto à necessidade de análise de nossas subjetividades, inerentes à condição humana. Assim, pensar um trânsito seguro exige esforço, dedicação e propósito de expansão da consciência individual e coletiva. É verdade que muitas variáveis podem interferir no processo de escolha do comportamento no trânsito, e a segurança demanda resolução e intencionalidade para ser atingida.
No processo de pacificação nas vias públicas do trânsito, vale recordar a filosofia oriental, que ressalta a necessidade do “estado de presença”, momento em que o indivíduo se reconhece em cada ação, e direciona constantemente sua intenção na forma de agir, evitando distrações e comportamentos de risco. Para Rozestraten, todo comportamento se desenvolve no ambiente, seja o físico, o social, o normativo e o corporal e psíquico. O trânsito é uma sociedade em movimento, portanto, a convivência harmoniosa no trânsito necessita de mecanismos pedagógicos que oportunizem o aprendizado fundamental, no âmbito da “ética da alteridade”, e da responsabilidade ética mencionada nos termos propostos por Emmanuel Levinas.
Na era da sustentabilidade, torna-se imperioso que a sociedade se organize com o objetivo inclusivo, respeitando os múltiplos e diferentes interesses e necessidades. Então, a construção da Paz inicia quando nós percebemos como iguais em natureza, origem, destino, direitos e deveres, e prossegue, quando nos encontramos, factual e historicamente, como diferentes em condições existenciais de ambiente étnico, aquisições culturais, nível econômico, status social e contexto político, entre outros aspectos, porém, seu processo culmina quando tentamos nos entender em situações de igualdade, na vivência da empatia. Eis porque, a cultura da paz requer novos olhares e a construção de novos paradigmas e comportamentos.
Assim, essa proposta tão ampla e significativa de escolher a vida, no trânsito, tem de começar em cada um de nós, independentemente do papel exercido como motorista, pedestre, ciclista e motociclista. Contudo, na contramão, o mundo contemporâneo enfatiza o imediatismo e a objetividade materialista, levando pessoas a ancorar seu comportamento em bases narcisistas e egóicas, em muito desprovidas de civilidade. Ou seja, vive-se um momento histórico em que a pressa e as prioridades individuais representam a base do agir cotidiano.
Nós do Observatório Nacional de Segurança Viária – ONSV convidamos todos a refletir sobre o comportamento e escolhas no transitar, pois, quando “escolhemos a vida no trânsito”, abraçamos uma causa que tem impacto na construção de uma sociedade fundada em valores de respeito e generosidade. Lembre-se, somos todos corresponsáveis para colaborar para um trânsito melhor e mais harmonioso.
Segundo dados do MS/SVS/CGIAE – Sistema de informação sobre mortalidade – SIM/2021, os sinistros de transporte, no público de 20 a 29 anos, atingiram o patamar de 7.880 mortes no ano; no grupo de 30 a 39 chegaram a 7.028 mortes e, no público de 40 a 49 anos, aconteceram 6.200 mortes. Esses dados ressaltam a urgência de novas políticas públicas, que estimulem, de forma estratégica e inovadoras mudanças no pensar do jovem e do adulto jovem, a respeito do deslocamento humano, envolvendo um despertar da consciência e da corresponsabilidade no agir cidadão. Em suma, ao buscar a mudança aqui proposta, o cidadão carece de um referencial, embasado em sua consciência cidadã, cuja máxima deveria ser compreendida na simplicidade da essência de que: “O BEM FAZ BEM”.
BRASÍLIA É A SEGUNDA CAPITAL QUE MAIS REGISTROU INFRAÇÕES DURANTE OS 15 ANOS DE EXISTÊNCIA DA LEI SECA
Um estudo realizado pela Senatran (Secretaria Nacional de Trânsito) aponta que Brasília ocupa a segunda posição no ranking de capitais que mais registraram infrações durante os 15 anos de existência da Lei Seca. Na capital foram 36 mil registros, ficando atrás apenas de Belo Horizonte, em Minas Gerais, com 48 mil autuações. O Observador Certificado Arthur Magalhães foi consultado pelo DF Record, da TV Record, na última terça-feira (26), para comentar esses dados preocupantes.
CAMPANHA #TRÂNSITOIDEAL: TODOS OS EPISÓDIOS DISPONÍVEIS
A Campanha #TrânsitoIdeal, promovida pelo OBSERVATÓRIO Nacional de Segurança Viária, Uber e o Grupo Cidade Comunicação durante o mês de setembro, para celebrar a Semana Nacional de Trânsito, apresenta uma série com 10 reportagens e 10 podcasts que visam conscientizar a sociedade sobre a importância de participação de cada um nos cuidados de segurança no trânsito.
AGENTES DE TRÂNSITO CONTAM COM ADICIONAL DE PERICULOSIDADE COM NOVA LEI
No dia 20 de setembro, entrou em vigor a Lei 14.684, legislação que representa um marco importante na proteção e reconhecimento das atividades desempenhadas pelos Agentes das Autoridades de Trânsito em todo o Brasil. A conselheira do Cetran (Conselho Estadual de Trânsito), consultora em gestão de frotas e projetos de mobilidade urbana e Observadora Certificada, Mércia Gomes, destaca a mudança significativa na lei para esses profissionais.
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